Thursday, October 14, 2010

Metade e movimento

Nesse ponto já estava no meio da gravidez e já era fim de Abril de 2010. Já tinha contado a todos que interessavam, comunicado ao trabalho e já estava começando a fazer yoga para gestantes. Os enjôos já tinham passado e eu estava me sentindo superbem.
Eram 20 semanas mais ou menos e senti um peixinho mexendo dentro de mim. No início bem de leve e com passar dos dias foi ficando cada vez mais forte.
Eu tinha também que fazer um ultra-som a cada duas semanas pois havia risco de incompetência do colo do útero e ainda estavam monitorando meu mioma.
Num desses ultra-sons eu vi minha menina mexer e dar pulos. O sentimento foi e é indescritível. Então nem vou tentar descrever, mas acreditem, é de outro mundo. E ela era só minha nesse ponto. Apesar de já estar mostrando algo, a maoria das pessoas achava que eu estava engordando. E somente eu sentia ela mexer, mais ninguém. Pode ser egoísmo, mas era muito bom saber dela só minha.

Saúde! Alívio...

Vieram os primeiros ultra-sons de verdade, dando para ver o sexo. Menina! Êba, mas não é que ele adivinhou certo? Ele disse que não foi adivinhação, ele sabia. Sei...
Veio a amniocentese e nenhum defeito genético detectável.
Alívio profundo... Agora já dá para curtir a gravidez 100% e contar para as pessoas.
Na realidade já tínhamos contado para a família antes, logo depois do primeiro exame que detectava risco de defeitos. Como os riscos baixaram de altos para baixíssimos, resolvemos contar. A amnio foi para confirmar mesmo.

Confimação

Finalmente a consulta!
Dia 27 de janeiro de 2010. Gravidez confirmada, com fotografia e tudo. A médica, porém, não queira se entusiasmar demais e pediu outro ultra-som para duas semanas depois.
Mais 15 dias de ansiedade.
Confirmado. Nesse ponto, eram 10 semanas mas ainda assim os riscos de perda eram grandes. Melhoravam muito depois da 12a semana. Eita agonia!
E os enjôos piorando!
Entre as semans 9 e 11, recebemos como hóspedes o irmão dele e família. Não queríamos contar, mas não deu outra, pois eu estava um nojo de pessoa. Para não passar por mal-educada, explicamos a situação, com a promessa de silêncio absoluto.
Na realidade a minha paranóia era tão grande, que eu não queria contar nada para ninguém até eu fazer os primeiros exames de saúde do bebê. Com a minha idade avançada (hehehe), os riscos de defeitos genéticos eram bem maiores. Os primeiros exames aconteciam na 13a semana e a amniocentese entre a semana 16 e 20. Fiz na 18.

A espera...

Agora era esperar até a hora de ir ao médico confirmar a gravidez com o ultra-som. Dessa vez eu não me apressei e só marquei a consulta para a 8a semana. De que iria adiantar e ir mais cedo?
Mas como a boa neurótica que sou, comprei mais testes de gravidez e fiquei fazendo um a cada três dias. Haja dinheiro...
Os enjôos apareceram na 5a semana. Bom sinal...
Sinceramente, não sei como sobrevivi este tempo. Cortei até o sexo para não correr riscos. Imagine danificar o Óvulo de Ouro?

Surpresa...

E assim eu fiquei esperando o fim do mês, ou melhor, o início do ciclo para fazer um outro exame no dia 3. E aconteceu que o dia 3 caiu no feriado do Natal e os labs não iriam estar abertos, pode? Fiquei mais triste ainda pensando que teria que alongar a minha agonia e ao mesmo tempo achando que isto era um sinal divino dizendo que era hora mesmo de desistir.
Aí veio o dia do dia 1, ou seja, o primeiro dia do ciclo. E a menstruação não veio. Hummmm....
A danada da Esperança queria entrar a fórceps! Esperei o dia seguinte. Nada da menstruação! Então fui fazer o teste de gravidez, na esperança de ser positivo, mas não querendo me decepcionar. Nem contei para ele.
Entrei no banheiro e uns minutos depois... POSITIVO. Fiz mais um de marca diferente. Positivo!
Saí e fui contar para ele. O fofo olha para mim e diz: "Você está grávida e é uma menina."
Como assim???
Bom, eu estava grávida! Menina? Só mais tarde.

Wednesday, October 6, 2010

In-vitro?

Um mês de agonia esperando o fim do ciclo. Agora já era dezembro. Nesse meio tempo decidi que se o resultado fosse o mesmo eu iria desistir de tudo. Assim, radical. Nada de gravidez ou adoção. Simplemente iria manter minha terapia.
Entrei no chocolate. Fiz mais de 80 trufas que ficaram muito boas. Parei de monitorar meu ciclo. Chorei muito.
Mas decidi que não faria in-vitro nem nenhum tratamento além do alternativo.

Resultado! Nem tanto...

Seis meses depois do início do tratamento com a Jane (acupuntura) e com meus ciclos mentruais bem monitorados, engravidei.
Imagina a felicidade? Para quem não podia?
Fiquei paranóica, corri para o médico. A gravidez foi confirmada.
Quatro semanas depois, o batimento do embrião não foi achado. Mais duas semanas, o diagnóstico foi de "missed miscarriage". Ou seja, o embrião morreu, mas meu sistema ainda acha que tinha uma gravidez.
Na médica, ou se fazia uma curetagem ou um aborto químico. Escolhi a curetagem e quando fui fazer, vimos que o mioma tinha crescido demais. Isso mesmo, além da idade e do câncer, eu tenho dois miomas no útero! Resultado, escolhi o aborto químico, que foi um horror! Nove horas de contrações.
A médica me disse para não esperar para tentar de novo e voltar seis meses depois se não engravidade novamente.
Aí também fui tratar de um hipotireodismo subclinico que podia estar afetando a gravidez. Grande besteira pois a infeliz da encocrinologista me tratou demais e atrasou as tentativas. Enfim. Rebelei e larguei a médica e o remédio.
Em novembro (isto ano passado) nada de engravidar e voltei à ginecologista. Exames e o resultado não foi bom. Minhas chances de engravidar naturalemente (agora com mais de 40 anos nas costas) eram mínimas. Ela disse para repetir o exame um mês depois e se desse a mesma coisa, ela iria me encaminhar para um especialista.

Em busca de soluções

Pensei em muitas coisas.
Congelei um ovário confiando na ciência (que me decepcionou).
Comecei a ver adoção. Nesse assunto nem vou ficar muito tempo, pois me irrita profundamente os entremeios e burocracia da justiça brasileira. E no caso dos EUA, quem tem 30K do dia para noite? Isso se me qualificar devido ao câncer!
Pensei seriamente em fertilização in-vitro e doação de óvulos. Quer dizer, no Brasil é compartilhamento de óvulos e nos EUA é compra de óvulos. Doação só existe em casos raros ou na propaganda das clínicas. De novo, quem tem 30K para gastar da noite para o dia?
No fim, achei um livro que falava sobre alternativas em tratamentos.
Já nos EUA, comecei um tratamento com acupuntura e ervas chinesas.
É preciso entender a situação no momento.
Estávamos nos EUA, eu de volta e ele de novato, para tentar uma nova vida, pois a vida do Brasil não só estava difícil, como sem futuro decente.
Eu tinha acabado de arranjar um emprego e ele, a profissão dele, sofrendo uma das piores crises econômicas da hitória americana.
Eu tinha parado de tomar o maledeto Tamoxifeno uns 8 meses antes, mas ainda tinha os efeitos da droga.
Comecei o tratamento com a acupuntura e em três meses meu sistema voltou ao normal. Isso quer dizer que eu voltei a menstruar regularmente. Imagine a vitória para quem estava com sintomas de menopausa precoce?
Só pela melhoria na qualidade de vida a coisa já valeu.

Catástrofe

Um mês depois, a catástrofe acontece. Em uma palavra, câncer. E sabe uma das consequências do tratamento de câncer? Infertilidade. Aí junta-se câncer com ua certa idade (+35) e é uma catástrofe.
E o achado? Pois é. Como esperar de alguém, por mais legal que fosse, que, com apenas 1 mês de namoro, ficasse comigo durante (e depois) de um tratamento para câncer? Eu dei a oportunidade de terminar. Ele não quis. Doido. Ainda bem.
Mas meu mundo caiu (que nem a música). Aos 37 anos e depois de um tratamento para câncer, como meus ovários iriam funcionar? O estágio não era avançado, mas tambem não era inicial, o que levou (também devido a idade nova para ter câncer) a um tratamento mais agressivo. Chances de manter a fertilidade? Menos de 50%, sem contar o fator idade que já carrega por si só um declínio da fertilidade.
Então, catástrofe.
Foram inúmeras noites e dias chorando e desesperando. Ele é quem sabe. Depois terapia para a depressão que já afeta qualquer um nessa situação. E especialmente para a catástrofe.
Sem muitos detalhes, o tempo passou.

Achado

Achei. Perfeito para mim.

Resoluções

No ano que minhas possibilidades foram devastadas mesmo, eu já tinha chegado a conclusão que produção independente não era para mim. Desisti dessa idéia, mas tinha outra no lugar. E no meio tempo, quem sabe eu não achava alguém legal, com quem eu pudesse partilhar minha vida?
Veja bem, nada mais de "fisicamente ou emocionalmente" compatível com meu ideal de bom pai. Que conceito besta!
Apenas uma coisa era clara, ficar comigo significava a possibilidade de um futuro com filhos.

Nenhuma possibilidade

Daí quase dez anos de trabalho, viagens e namorados seguiram.
Devido ao trabalho/viagens, eu realmente não tive nenhum namorado sério mesmo. Do tipo "quero casar, tentar a vida juntos e família".
O desejo estava alí permanente, embora eu negasse algmas vezes.
No ínicio eu procurava alguém que se enquadrasse no que eu achava que um bom pai seria tanto fisicamente quanto emocionalemente.
Não achei. Vários motivos e explicações, mas não achei.
Resolvi então que ira ter um filho independentemente e comecei a investigar a possibilidade.
Hoje eu acho que isso seria uma loucura.

Primeira possibilidade

Depois do mestrado eu casei. Fui pros States e casei com um gringo. Eu queria filhos em dois anos, ele em cinco.
Como pessoas jovens e irresponsáveis (ele fazendo um doutorado e eu temporariamente desempregada), nós corremos risco e pimba! Engravidei e apavorei. Nada daquele sentimento de felicidade que eu achava que iria ter. Não, eu apavorei mesmo, de suar frio e tudo. Vai ver que era um pressentimento de que o casamento não iria dar certo. Sei lá.
Dois meses depois, quando eu havia meio que me acostumado com a idéia de ser mãe e pobre, eu perdi o neném.
Confesso que foi uma mistura de tristeza e alívio. Tristeza pois eu queria o neném, alívio pois não era a hora.
Dois anos e meio depois o casamento acabou e eu pensei "ainda bem que não tive o bebê".
Hoje meu pensamento é um pouco diferente...

O Sonho

Este começou aos 10 anos de idade, quando eu me vi tomando conta de um neném de uns 3 ou 4 meses de idade. Como alguém entrega um bebê novinho assim a uma menina, meio tomboy, de 10 anos de idade eu não entendo, mas enfim.
E eu tomei conta dele, era meu neném. Aprendi a dar mamadeira, trocar fralda, dar banho, colocar para dormir e até ensinei os primeiros passinhos. Lindeza, ele.
Mas no fim, o neném não era meu e partiu com a família, de mudanças para terras distantes, aos 3 anos de idade e eu fiquei com um buraco no coração e a distinta certeza de que eu queira um (ou mais) para mim.
Sonhava, literalmente, com filhos. Nomes e tudo. Até o parto!
Bom, o tempo passou e nada do sonho ficar perto de concretizar.
Na faculdade eu e uma amiga discutíamos quantos filhos iríamos ter. Ela queria 6 (teve 3) e eu queria 4. Bando de doidas!

Como tudo começou

Não sei se começo pelo sonho de uns mais de vinte anos atrás, ou se pela realização de que era o que eu queria mesmo, ou se pela negação do sonho ou se pelas tentativas.
Enfim...